domingo, 8 de julho de 2012

Uma grande grande teia rendilhada

Há quatro anos atrás uma amiga muito querida vivia um tempo de profunda desolação. Um tempo em que nada parecia ter sentido. Um tempo que ela baptizou como o Annus Horribilis. Estive, de alguma forma, presente nesse tempo. Não totalmente, não plenamente, porque o sofrimento do outro faz eco e dói em mim.  Só hoje consigo perceber isto. Que não consigo estar presente à dor do outro quando ela é demasiado intensa. E percebi-o, por estes dias, precisamente recordando esta pessoa e as férias que passámos juntas nesse ano.
Nessa altura eu vislumbrava, apesar de tudo e apesar da dor, que ela passaria pelo fogo e que não seria nunca um piruá sem destino. Aliás, nessa altura usei outra metáfora, a do fio de teia de aranha que se transformaria, com o tempo, numa pequena grande teia rendilhada.
Hoje fui espreitar o planeta dela e dei de caras com algo que me emocionou profundamente. Afinal a minha querida amiga não transformou o seu fio numa pequena grande teia, mas numa grande grande teia rendilhada, tecida da sabedoria que só tem quem passou pelo fogo.

PS - Piquenina, hoje és tu que tens que perdoar a minha inconfidência! O Xi-coração é enorme e o quentinho é maior que nunca.

3 comentários:

  1. oooooooh tão bonito.
    achas mesmo??? às vezes não me sinto nada assim, mas reconheço que tudo o que passei me ajudou a atingir um nível diferente e uma forma diferente de encarar a vida.
    obrigada por estares sempre! bjinhos muito muito abraçadinhos!

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  2. Acho mesmo. E acho também que este é um processo que nunca está completo. Que tem que ser continuamente refeito. A teia quebra-se, rebenta, rasga-se. Há que ir reparando. Mas o caminho que está feito, está feito.
    ;)

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