quarta-feira, 22 de abril de 2009

A noite é escura para que se possam ver as estrelas

Ontem numa aula o professor brindou-nos com um teste surpresa. Era suposto escrevermos uma reflexão pessoal sobre um pequeno filme intitulado "Tive este sonho".
Ora o filme mais não era que uma daquelas histórias do tipo o discípulo aproxima-se do mestre e pergunta-lhe qualquer coisa a que este responde com a sabedoria própria dos mestres orientais. Neste caso era um forasteiro que chega a uma pequena comunidade, encontra um velho senhor e faz-lhe uma série de perguntas acerca do modo de vida daquela comunidade. As respostas iam todas de encontro a um modo de vida simples, sem tecnologia de ponta, perfeitamente integrada na natureza e nos seus ciclos.
Muitas das respostas do velho senhor eram questionamentos ao modo de vida que levamos.
A noite é escura para que se possam ver as estrelas. Utiliza-se a madeira como combustível, mas só a madeira das árvores que caem, não se derrubam árvores vivas. Quando alguém morre faz-se festa e celebra-se aquilo que foi a vida de quem parte.
Há sempre muito simbolismo neste tipo de histórias. Interpelações.
Uma interpelação óbvia é que nos faz falta uma atitude ecológica que não pode passar somente por separar lixo e poupar água e energia, mas por nos sentirmos e sabermos parte integrante da natureza a par com todos os outros seres vivos e não acima deles. Faz-nos falta uma maior sintonia com os ciclos da natureza e da VIDA.
Mas esta história interpela-me também noutro sentido mais metafórico.
A noite é escura para que se possam ver as estrelas. Ou seja, todas as coisas têm um sentido. Como se fosse um sentido intrínseco. Isto serve para isto, aquilo serve para aquilo. A noite, que é escura, serve para se verem as estrelas. Para quê iluminar a noite? Para que é que precisamos de uma noite que é tão clara como o dia? Assim, quando e como é que se vêm as estrelas?
A vida, a nossa vida, a vida de cada um, tem um lado sombrio e escuro que, também ele, serve para se verem estrelas. E as estrelas, sejam lá elas o que forem, só se vêm nesse escuro.
Bem vistas as coisas, tudo o que me interpela nesta fase da vida é sempre mais do mesmo!
É sinal de que há um caminho claro e inevitável a seguir e que se vai tornando cada vez mais tranquilo.

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