quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Vazio (2)

Depois de encontrar e publicar o texto do Rubem Alves, tenho pensado muito sobre ele.
Sobre esse vazio que todos sentimos, numa ou noutra medida.
O vazio é importante. Faz pensar. Faz eventualmente perceber de que é que sentimos falta e se isso é ou não fundamental. Questiona o sentido.
Mas por outro lado esse tipo de vazio dói sempre. E por isso há que enchê-lo com alguma coisa. Nem sempre com aquilo que é essencial. Há que fugir dele, da angústia que provoca.
Talvez na maioria das vezes a vida seja vivida nesta dinâmica de fuga. Compreensível.
Só que a sandália só pode ser usada se o "dentro dela" estiver vazio. Só posso ver o jardim se existir um vazio entre este e os meus olhos.
E isto questiona-me...
A minha vida só pode ser usada, ter uma utilidade, um sentido, se o "dentro dela" estiver vazio. E só poderei ver esse sentido se existir um vazio entre o sentido e os meus olhos, ou o meu coração, não sei. Só que isso implica, necessariamente, não fugir e viver a angústia do vazio. Perceber que estratégias mirabolantes eu uso para preenchê-lo. Livrar-me disso tudo e ficar só.
Não é fácil...

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